Artigo na Revista Coolectiva de 26/03/2019

Nova galeria em Coimbra para irem à arte como quem vai ao pão

Escultura, pintura, fotografia, desenho e arte popular de 44 artistas portugueses para ver e comprar na Vieira Duque, na Baixa.

Desenho erótico de João Cutileiro, arte popular de Júlia Ramalho ou Júlia Côta, escultura em bronze de Margarida Santos, fotografia de Lauren Maganete, pintura de Vitor Costa, entre outros. A Baixa ganhou um novo espaço onde Miguel Vieira Duque diz que quer explorar uma vertente que não é a de galerista mas a de merceeiro de arte. Inaugura dia 30 de Março, às 16h, a Vieira Duque – Galeria de Arte e Cultura, no nº 1 da Adro de Cima, junto à Igreja de São Bartolomeu.

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A ideia é as pessoas ao passarem entrarem facilmente, tal como fazem numa loja de souvenirs ou de artesanato, disse-nos Miguel Vieira Duque, responsável pela gestão artística da nova galeria. Queríamos que o interior tivesse uma certa intimidade mas que não afugentasse, pelo contrário, que convidasse as pessoas, sejam elas quem forem, daí o mote A Urbe e a Génese, continuou. Conservador da Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda, Miguel é natural de Anadia mas vive há 17 anos em Coimbra, onde trabalhou na antiga casa comercial Marthas, na mesma zona da cidade. O curador diz que sente que a Baixa precisa de gostar mais dela própria para ser mais atractiva, sobretudo os comerciantes.

Somos muito conservadores e o que se pensava há 20 ou 30 anos mantém-se, ouço as pessoas a queixarem-se do mesmo e os comerciantes que trabalham na Baixa a dizer que é perigosa e outras coisas. Vieira Duque diz que Itália, onde diz que estudou, é um exemplo, entre outros na Europa, onde em qualquer zona histórica se encontram lojas que vendem arte, onde vamos vendo e conhecendo, mesmo que não queiramos comprar nada. O curador diz que, em Coimbra, o público acha que não tem acesso e há uma ideia muito elitista da arte, por isso gostava de ver a admiração das pessoas ao constatarem que, afinal, também podem ter arte lá em casa.

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peças de 44 artistas portugueses à venda na galeria – do muito naïf ao muito clássico e do óleo às técnicas mais experimentalista -, arte que, não sendo de bolso, é transportável, segundo Vieira Duque. Ou seja, feita pelos autores em diversas dimensões ou com materiais mais económicos e sem moldura, de forma a não terem preços proibitivos e serem fáceis de levar, sobretudo no caso dos turistas. Os preços vão dos 10€ aos 20.000€. 

“Seria bom provar que, tão essencial como comer, é também consumir uma tela. E encontrar na galeria pessoas que explicam a diferença entre as obras, como quem explica a diferença entre um pão de água e um pão da avó na padaria.”

Miguel Vieira Duque

O curador e o proprietário, Paulo Marçalo, também fizeram um esforço por reduzir as despesas do próprio espaço, de forma a não serem obrigados a cobrar comissões demasiado altas aos artistas. Não concordo em absoluto e é um dos maiores problemas para os autores, até porque não se equaciona a produção intelectual.  

Aberta todos dos dias, excepto ao Domingo, a galeria pretende ser um sítio onde podem descobrir arte, comprar ou apenas descobrir artistas e técnicas, sem preconceitosHá arte mais e menos comunicativa, às vezes um autodidacta sobrepõe-se ao académico por causa disso, porque comunica melhor, e aqui há de tudo, disse-nos o curador, orgulhoso das obras tanto quanto da experiência de conviver com todos os autores. A ideia também é, futuramente, albergar apresentações de projectos editoriais e musicais através de parcerias.

 

30 MAR | INAUGURAÇÃO | VIEIRA DUQUE – GALERIA DE ARTE E CULTURA
Adro de Cima, 1 – Coimbra
Site oficial | Facebook
Horário: 2ª – 6ª | 14h – 20h
Sáb | 10h30 – 20h
Contactos: 969754492 | miguel@vieiraduque.pt